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Com a vitória esclarecedora sobre o Tondela (5-1) alcançada no passado domingo, o Belenenses aumentou para 18 os pontos de vantagem sobre o segundo classificado da Liga Orangina, posto agora ocupado pela equipa B do Sporting. E, se tivermos em consideração que sobem duas formações à Liga Zon-Sagres e que as equipas B não contam para esta equação, concluímos que são 23 os pontos de vantagem sobre a primeira equipa fora da zona de promoção, o Leixões.

O discurso de equipa técnica e dos jogadores tem sido moderado. Mas a ambição está lá, transborda a cada passe, a cada golo e a cada festejo. Outra coisa não seria de esperar numa equipa que tem quase garantida a subida ao primeiro escalão do futebol nacional. O registo do Belenenses merece ainda mais respeito se for tido em consideração que esta é uma competição já conhecida pela sua competitividade, com equipas muito niveladas (num nível alto ou baixo, essa já é outra questão). É verdade que ainda faltam 13 jornadas para o fim da competição mas só uma hecatombe impedirá que a equipa da Cruz de Cristo volte a estar onde a sua grandeza exige: junto dos melhores.

A trajectória do Belenenses esta temporada tem roçado a perfeição: 69 pontos em 29 jogos; o melhor ataque (54 golos marcados) e a melhor defesa (23 golos consentidos) da competição; apenas duas derrotas. Nem a desastrosa performance no Estádio da Luz diante a equipa B dos encarnados (derrota por 6-0) na primeira fase da competição abateu a confiança de um grupo que se tem galvanizado com os resultados. É verdade que existe talento (a tal questão dos ovos e das omoletes) mas muitos são os casos de superação nesta equipa. Os médios Fernando Ferreira e Tiago Silva são dos jogadores mais talentosos da competição e deverão permanecer pouco tempo no Restelo. Mas aquilo que unidades como o guarda-redes Matt Jones, os defesas João Meira e Duarte Machado, o médio Diakité ou o avançado Tiago Caeiro têm produzido justifica-se em grande parte com a espiral positiva da equipa, alavancada pela sequência de bons resultados e pelo dilatar da diferença pontual para os perseguidores. Quem viu estes jogadores noutras temporadas percebe o que escrevo.

Mas também não será justo tirar aqui o mérito ao grande responsável desta caminhada triunfante: Mitchell Van der Gaag. É um senhor, perdão Senhor (assim mesmo, com ‘S’ grande) do nosso futebol e merece todo o sucesso que está a ter. O trabalho que fez na Madeira, enquanto jogador e treinador do Marítimo, já tinha captado a minha admiração e em Belém vai confirmando as boas indicações que tinha deixado no tempo em que comandou a equipa verde-rubro.

À excelente prestação na Liga Orangina, o Belenenses junta uma caminhada promissora na Taça de Portugal. Para voltar a pisar o relvado do Jamor falta ultrapassar o Vitória de Guimarães, tarefa perfeitamente ao seu alcance.

Porém, nunca é demais relembrar as débeis condições financeiras da equipa lisboeta. Os últimos anos no principal escalão do futebol nacional foram constrangedores e o clube continua com a corda na garganta. E a entrada de Rui Pedro Soares na SAD não deverá deixar descansado o adepto belenense mais atento.

Como simpatizante do Belenenses, desejo a subida ao clube. Mas mais que isso, espero que este continue a caminhar para a sustentabilidade financeira. Receio, admito, que a subida ao principal escalão faça ressucitar os fantasmas de um passado bem recente.

Seja bem-vindo de volta à mesa dos grandes Belenenses. E porte-se bem!

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Joni Francisco

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